domingo, 28 de junho de 2009

CLICK

É sestro antigo.Sempre que eu falo pra alguém de algo que vou fazer,ou participar...nada feito.Não é porque eu seja sem palavra,não,é que simplesmente aparece diante de meus olhos aquele acontecimento,luzes câmeras e atenções voltadas para mim [ou não,que falo empolgado do futuro como se fosse ao vivo.Mas aí,com meus botões,depois vejo circunstâncias minhas ou de fora que mandam pra gaveta (ou pro baú) aquele casulo de realidade.
Aí sinto aquelas 'vozinhas' murmurando:"-Pô velho,tu não dá uma dentro,hein?","cheguei tão perto...","todos foram,essa hora tão curtindo e eu que devia 'tá lá tô aqui pensando em besteira...","...e se tivesse dado certo?","...e se" isso e aquilo outro,"...e se"fulano,etc,pra tentar escapar da frustração.
Chego ao cúmulo de estranhar quando tudo vai pelos conformes.Nessas ocasiões falo pouco ou nada;aí a Natureza me respeita.Sei muito bem contar histórias,notícias e os dedos das mãos,mas vejo que sou péssimo em previsões.Por isso,de agora em diante vou admitir a possibilidade de que a galinha possa ser atropelada quando atravessar a rua,antes de fritar minha omelete.

(Lázaro Antonio)

sábado, 20 de junho de 2009

AMORTÉDIO

Para o tédio
Não há remédio
Não adianta
Pular do prédio.
Para o amor
Há um caminho
Rua de rosas
Carros de espinhos.


(Lázaro Antonio)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

SOFISTICAÇÃO

Ó tempos modernos!Ó,contemporaneidade!Por que me trazes consigo?Se as priscas e jubilosas eras de antanho fossem perceptíveis aos vossos olhos cerrados pela neblina,retificar-se-ia vosso curso na marcha dos acontecimentos.Mas a linha de que sois feita,cuja visão pregressa de onde viestes e cujo horizonte por colimar vos são desprezíveis,tornou-nos e mantém a nós todos títeres absolutos da conjuntura que dispusestes,a permear tudo em derredor,como um círculo.
De tal sorte que,mediante uma dádiva a mim outorgada,ao me constatar manipulado por forças arbitrárias e desconhecidas,rompi as veias mentais relacionadas ao passado com as grilhetas mais hodiernas possíveis,no afã de adentrar no contexto .
Com texto não se faz discursos,mas sim com palavras.

(Pompeu Pontes)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

REBUSCOISAS

Lúcido e lúdico,tépido ou fétido,sem nenhum débito para quitar
Plácido ou ácido,indômito inédito,de súbito súdito ele já não é
Tácito cético,incógnito histérico,artífice homérico,hoje,de si

Certeza dúbia,língua de plágio,que frágil trapézio se teima em subir
Político ilícito,pária da pátria,em palácio esplêndido a se exibir
Máfia da cópia,idéia que vende,geléia que rende,pasta de juá

Épica época opaca e pouca correria rouca para acompanhar
A gleba globalizada com seus blogs não se acoplam em meu globo ocular...

(Lázaro Antonio)
"Quem pela vida passou em brancas nuvens
E em plácido dossel adormeceu
Quem pela vida passou e não sofreu
Não foi homem,é projeto de homem,
Que passou pela vida e não viveu."

( apud Huberto Rohden in:"Porque Sofremos")

No labirinto retilíneo de se descrever
Rascunhos dos cacos de um vaso que nunca caiu
Espremo o pano encharcado do que ouvi dizer
É tinta fresca a envelhecer neste barril

Lázaro Antonio

"Precisamos da disposição do guerreiro para todos os atos.Senão,ficamos fracos e feios.Não existe poder numa vida que não tenha essa disposição.Olhe para você.Tudo o perturba.É uma folha à mercê do vento,não existe poder em sua vida.O guerreiro,ao contrário,é um caçador.Calcula tudo.Isso é controle.Um guerreiro pode ser ferido,jamais ofendido."
(Carlos Castañeda.Do livro:Portas para o Infinito)

DICA DE BLOG

http://serpenteemplumada.blogspot.com/

sábado, 6 de junho de 2009

ÚLTIMA MADRUGADA PRODUTIVA-II

Aquele homem de aço
Inoxidável não é mais
Úmido sopro pra frente
Rachou-lhe os pés por detrás.

Ante a lei da gravidade
Só existe um caminho:
E o sentinela imortal
Sem torre caiu sozinho

Rodopiou,fez esforço
Mas o tumor deixou grosso
O sangue de antigamente

O chão recebe o impacto
Antes do pó, um intacto
Depois,provável semente

(Lázaro Antonio)
No ninho da monotonia
Talvez saia um ovo de ouro
Ao reverberar este agouro
Minha voz em brisa é magia

(Lazaro Antonio)